Yellow Umbrella

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Yellow Night

    Dia 23 de agosto de 2012.
    Encontrou a menina na Yellow Night, a boate mais famosa da cidade. Eram quase duas da manhã quando resolveu chegar mais perto. O papo foi rápido, trocaram alguns elogios ao pé do ouvido, um beijo aqui, outro ali... Ele notou que ela estava bêbada e resolveu investir: "Quer sair daqui?", ela acharia uma frase um tanto genérica se estivesse sóbria mas simplesmente sorriu e respondeu empolgada "Pra onde?".
    Alguns minutos depois Daniel estava sobre sua moto a noventa por hora, a morena, calada, agarrada ao moço, fechou os olhos pois tinha medo de altas velocidades.
Daniel sempre fazia dessas, a Yellow havia se tornado seu novo ponto de encontro. Ali encontrava música, mulheres e bebida. Tudo num só lugar, sempre tomando o cuidado pra não se envolver. O roteiro era sempre o mesmo, balada, apê, sexo, tchau. Raramente reencontrava as moças, e se ela lembrasse dele ele cumprimentava e era sempre educado, mas não fazia gestos de reaproximação. Ele definitivamente não era do tipo que cria laços assim, tão facilmente.
    Ao chegar no apartamento Daniel notou que ela carregava um guarda-chuva amarelo um tanto grande junto a bolsa, era desncessariamente grande, pensou.
- Porque você trouxe isso pra balada? - disse ele apontando para o guarda-chuva.
- Nunca se sabe quando pode chover. né? - respondeu ela gentilmente.
    Daniel não se importou com o fato esquisito e ficou aliviado que a veria só por aquela noite. "Quem sabe o quão estranha ela pode ser". No elevador, algumas informações foram trocadas, informações fúteis, daquelas que você pode contar pra todo mundo. Ela ainda apresentava um ar de bêbada, e seu hálito fedia a vodka. Daniel tentou um amasso que por sinal foi aceito com boas-vindas, já que o guarda-chuva se encontrava no chão, junto com a bolsa na menina. Ela era tão delicada, meiga... Seu beijo era doce e ao mesmo tempo quente, sensual. Mesmo bêbada ela beija bem, isso é bom para Daniel.
    Entrando em sua casa, Daniel foi em direção a cozinha pegar um copo d'água, ofereceu à moça, que recusou. Depois disso levou-a para o quarto e juntos, aproveitaram o que tinham de melhor pra aproveitar, seus corpos. "Ela é demais!", pensou ele. Com mais vontade ele a acariciava e a pressionava, os dois estavam em perfeita sintonia naquele fim-de-noite. Algo quase cósmico, magnético. A noite inteira os dois se exploraram ao máximo, ela parecia insaciável, e Daniel deu seu melhor a ela.
    O sol dava seus primeiros raios quando o ato havia terminado, Daniel se sentia exausto, mas satisfeito. Se aconchegaram na cama como se fossem um casal normal, ele se sentiu a vontade e ela também. Por isso ela dormia em seu peito. Assim adormeceu Daniel, pensando que dessa vez pudesse ligar na semana seguinte, manter contato. Essa menina era especial.
    Quando despertou eram quase duas da tarde, se encontrava sozinho na cama. Chovia muito agora, "Ela estava certa", pensou ele, lembrando do guarda-chuva. Andou pelo apartamento e não encontrou a moça. "Cecília...? Talvez Clarissa...", tentava recordar do seu nome para perguntar à porta do banheiro. Decidiu entrar mesmo assim, a noite tão íntima com ela o deixou motivado a fazer isso. Para sua surpresa o banheiro estava vazio, não havia sinal algum dela ali. "Logo ela?". Ele queria ter algo a mais dessa vez, se sentiu decepcionado e voltou ao quarto, talvez conseguisse dormir de novo. Deparou-se com o guarda-chuva da moça à beira da cama e quando examinou de perto, encontrou um nome gravado em baixo relevo.
Clarissa de Sá. Era tudo o que ele precisava, correu para o notebook e jogou o nome no facebook. Nada. Não encontrou nenhum perfil que fosse o dela. Tentou o google e achou uma matéria de um jornal, de exatamente dois anos atrás.
    A matéria falava de uma morte grotesca, a menina havia saído da Yellow Night e sido estuprada num beco da cidade. O instrumento que mais tarde foi identificado como um guarda-chuva foi usado de várias maneiras em seu corpo e não se encontrava no local do crime. A vítima foi identificada pela família como Clarissa de Sá. A família informou também à polícia que o guarda-chuva pertencia à menina desde a infância. O que tornava o caso mais sinsitro.

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